sábado, 10 de novembro de 2012

Vento

É a árvore que balança suas folhas num desastroso balé, é o jornal voando pela calçada, é a moça que passa segurando o vestido.
A sensação de um sopro gostoso invadindo nosso corpo, nossa vida, nossa alma, trazendo recordações de outras ventanias, trazendo lembranças boas como aquele sopro de felicidade que nos toma conta.
Pensar nas pessoas que nos são queridas, conhecidas ou não. O que estariam fazendo neste momento? Os passeios em dias frescos pela cidade, descobrindo coisas que não vemos em dias comuns, coisas simples, importantes, que passam despercebidas na correria do dia a dia.
É a magia do fim de semana, do feriado, das férias, de podermos olhar as plantas com seu suave balanço num ritmo calmo e mágico. Ouvir o som que elas produzem ao serem acariciadas e envolvidas pelo vento.
Olho para baixo e vejo uma formiga perdida num degrau de escada, tão perdida como um grão de poeira ao vento.
Poder invadir misteriosamente aquele outro mundo, que na verdade faz parte do nosso grande mundo. É como se o vento nos mostrasse tudo isso que não vemos por pura falta de tempo. Como se ele despisse a cidade, revelando toda a sua intimidade.
Existem alguns dias que temos vontade de guardá-los em uma garrafa e ir abrindo aos poucos, para saboreá-los com muita calma, sem pressa de viver.
Autoria de Alessandra Mourão